Aracati

Sunday, 01 August 2021 16:19

A Rua Grande e suas antigas denominações e moradores (1851)

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Trecho da rua Cel. Alexanzito, popularmente conhecida por Rua Grande. Aracati-CE. Trecho da rua Cel. Alexanzito, popularmente conhecida por Rua Grande. Aracati-CE.

A principal avenida de Aracati, muito antes da denominação atual – Cel. Alexanzito Costa Lima - apresentava uma variada designação de nomes em toda sua extensão.

No ano de 1851, a Rua Grande, que ainda não era assim chamada, teve seu início ao norte (Gamboa) da cidade, com o nome de Rua Santo Antônio. Seu 1º quarteirão foi se estendendo para o sul, findando na atual Travessa José Rangel Zaranza. A grande maioria dos moradores dessa rua era composta por artesãos, agricultores e pessoas de baixa renda. Entre seus residentes mais ilustres se achava Antônio da Costa Lobo que era proprietário e Luís Cândido Ferreira Chaves, que exercia a profissão de escrivão e foi autor de um dos documentos históricos mais importante sobre a Matriz de N.S. do Rosário (Aracati-CE).


Ao 2º quarteirão dava-se o nome de Rua da Cruz, era a continuação da Rua Santo Antônio. Não se sabe o motivo dessa nomeação, provavelmente por existir uma cruz em algum local que assim a identificava. No entanto, pode-se deduzir, que onde existia o Sobrado das Corujas, que fazia esquina com a antiga Travessa da Viração, atual José Rangel Zaranza, se iniciava a Rua da Cruz dando prosseguimento à futura Rua Grande crescendo para o sul da cidade. Entre seus habitantes encontra-se o nome de Francisco José da Costa Barros que nessa época era empregado público, professor das 1ª letras. Foi pai de Francisco Amintas da Costa Barros, governador do Rio Grande do Norte por dois períodos. Convêm destacar que Ney Amintas de Barros Braga (Ney Braga), ex-governador do Paraná e Ministro da Educação no governo Ernesto Geisel e Ministro da Agricultura no governo Castelo Branco, é descendente dessa família aracatiense. O sobrado de sua residência, hoje pertence à família zaranza, na atual Rua Cel Alexanzito.


No 3º quarteirão ficava a Rua da Cadeia. Nessa rua moravam algumas famílias bastante conhecidas e com um nível de renda mais elevado. Residiam na Rua da Cadeia, Hipólito Cassiano Pamplona, Desembargador e Deputado Federal, José de Sá Leitão, pai do bacharel e padre Antônio Saboia de Sá Leitão, fundador da 1ª conferência da Sociedade de São Vicente de Paulo. Cujo busto se encontra na travessa que tem seu nome. Além dos Pamplonas e Saboias, os Castro da Silva Menezes também tinham residência nesse trecho da cidade, entre eles podemos destacar; José de Castro Silva, Tenente Cel. da Guarda Nacional, e João de Castro Silva Menezes.


O 4º quarteirão era o reduto da Rua do Comércio. Este trecho veio com o tempo a se tornar o nome oficial da mais importante rua da cidade de Aracati. Foi com a denominação de Rua do Comércio que permaneceu por muitos anos em substituição às demais nominatas existentes de ruas do passado. Nesse trecho da cidade residiam os homens mais ricos e de maior poder aquisitivo do Aracati de antanho: Antônio Manuel Alves Ribeiro, comerciante, Augusto Dias Martins, também comerciante, Antônio Candido Antunes de Oliveira (Barão de Messejana), Bernardo Pinto Teófilo Alves Ribeiro, Deoclesiano Ernesto de Albuquerque, pai do Ernesto Deoclesiano de Albuquerque. Este por sua vez foi uma das personalidades mais importante na cidade de Sobral sobressaindo-se nas atividades comerciais, industriais e política. O sobrado de Deoclesiano de Albuquerque ficava situado vizinho ao atual Teatro Francisca Clotilde pelo lado sul. Também era morador da Rua do Comércio, o comandante superior da guarda nacional do Aracati, Manoel José Pereira Pacheco cuja vida teve um final trágico. O sobrado onde residiu por muito tempo ainda compõe o conjunto arquitetônico, embora tenha sofrido diversas modificações em sua fachada. O imóvel pertence atualmente à família do Sr. Raimundo Joventino.


O 5º quarteirão, denominava-se Rua das Flores e era a continuação da rua do Comércio onde residiam os comerciantes de Aracati. Nesse quarteirão habitaram Antônio Gurgel do Amaral, Joaquim Antunes de Oliveira, irmão do Barão de Messejana e seu sócio na firma comercial. O sobrado em que residia compõe o perfil arquitetônico da rua Grande e pode ser identificado na atual sede do Museu Jaguaribano que equivocadamente muitos conhecem como o sobrado do Barão de Aracati.


No 6º quarteirão, localizava-se a Rua dos Mercadores, que se iniciava na atual Travessa Costa Barros e se estendia até à Rua do Bonfim. Um dos seus moradores mais ilustres era Eduardo Gonçalves Valente, pai do importante diplomata brasileiro José Gurgel do Amaral Valente.


O 7º quarteirão, quase ao final da comprida rua que se formava, localizava-se exatamente no trecho chamado “Rua do Bonfim”, porque ali estava a igreja do Bonfim. Naquele quarteirão estava instalada a família Caminha cujos membros eram comerciantes e políticos influentes ao seu tempo. Destacam-se os nomes de Alexandre Ferreira dos Santos Caminha, Silvestre Ferreira dos Santos Caminha e José Ferreira dos Santos Caminha. Dona Miquelina Francisca Severa Caminha, esposa do Silvestre Ferreira dos Santos Caminha encontra-se sepultada dentro da Igreja do Bonfim.


Um pouco além do Bonfim, localizava-se o 8º quarteirão, a Rua do Pelourinho. Recebia essa denominação por ter havido ali, na antiga várzea da Cruz das Almas, o Pelourinho, símbolo do poder e da justiça naquele período. O Pelourinho era um pequeno obelisco com dois braços de ferro sustentando uma balança e uma espada (representando respectivamente a justiça e a força) encimado pelo brasão da coroa de Portugal. Joaquim Fidelis Barroso era um dos seus moradores.

Lido 3126 vezes Última modificação em Wednesday, 09 November 2022 17:14
Antero Pereira Filho

ANTERO PEREIRA FILHO, nasceu em Aracati-CE em 30 de novembro de 1946. Terceiro filho do casal Antero Pereira da Silva e Maria Bezerra da Silva, Antero cresceu na Terra dos Bons Ventos, onde foi alfabetizado pela professora Dona Preta, uma querida amiga da família. Estudou no Grupo Escolar Barão de Aracati até 1957 e, a partir de 1958, no Colégio Marista de Aracati, onde concluiu o Curso Ginasial.
Em 1974, Antero casou-se com Maria do Carmo Praça Pereira e juntos tiveram três filhos: Janaina Praça Pereira, Armando Pinto Praça Neto e Juliana Praça Pereira. Graduou-se em Ciências Econômicas pela URRN-RN em 1976 e desde então tem se destacado em sua carreira profissional.
Antero atuou como presidente do Instituto do Museu Jaguaribano em duas gestões (1976-1979/1982-1985) e foi secretário na gestão do prefeito Abelardo Gurgel Costa Lima Filho (1992-1996), responsável pela Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Cultura.
Além de sua carreira profissional, Antero é conhecido por seus estudos sobre a história e a memória da cidade e do povo aracatiense, amplamente divulgados em crônicas e artigos publicados na imprensa local desde 1975. Em 2005, sua crônica "O Amor do Palhaço" foi adaptada para o cinema em um curta-metragem (15") com direção de seu filho, Armando Praça Neto.

Obra

Assim me Contaram. (1ª Edição 1996 e 2ª Edição 2015)
Histórias de Assombração do Aracati. Publicação do autor. (1ª Edição 2006 e 2ª Edição 2016)
Ponte Presidente Juscelino Kubitschek. (2009)
A Maçonaria em Aracati (1920-1949). (2010)
Aracati era assim... (2024)
Fatos e Acontecimentos Marcantes da História do Aracati. (Inédito)
Notícias do Povo Aracatiense (Inédito)

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