Aracati

Thursday, 22 October 2009 20:55

MUSEU JAGUARIBANO

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Salão de exposição do Instituto do Museu Jaguaribano Salão de exposição do Instituto do Museu Jaguaribano

Por longos cincos anos em que se arrastou a restauração do prédio do Museu Jaguaribano, ficou nosso museu fechado para o público o que agora chega ao seu final nesse outubro de 2009. 

Houve noutra época uma situação idêntica, porém com motivo totalmente contrário. Na fase em que permaneceu fechado para a restauração, havia uma esperança concreta de que um dia tudo seria concluído como de verdade agora estamos presenciando. Entretanto no período em que cerrou suas portas por quase igual tempo, o motivo fora político e havia somente uma pequena réstia de esperança de que um dia voltasse a ser aberto, pelo menos no mesmo prédio que abrigava todo o seu acervo. 
 
Um dos mais importantes mentores do Museu Jaguaribano, foi o dedicado Dr. Hélio Ideburque Carneiro Leal, que durante algum tempo foi diretor do SESI – Serviço Social da Indústria – órgão ligado a FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará. 
 
O prédio da Rua Cel. Alexanzito nº 743, conhecido como o Sobrado do Barão, pertencia ao SESI e nele morava uma funcionária daquela instituição. Como a funcionária ocupava uma pequena área do prédio o restante do imóvel ficava totalmente ocioso, a partir desta constatação os idealizadores da fundação do museu tiveram então a feliz ideia de instalar nesse histórico e imponente edifício, o Instituto do Museu Jaguaribano decisão apoiada com entusiasmo por Dr. Hélio Leal que de pronto, como então diretor do SESI, autorizou a ocupação. 
 
Assim foi instalado o Museu Jaguaribano no Sobrado do Barão e por muitos anos ali permaneceu funcionando. 
 
Numa mudança de direção da FIEC, e havendo Dr. Hélio Leal deixado de ocupar a diretoria do SESI, seu substituto resolveu proibir o funcionamento do Museu no Sobrado do Barão, o que obrigou a referida instituição a fechar suas portas. 
 
A partir de então o Instituto do Museu Jaguaribano – entidade jurídica que funcionava de acordo com seu estatuto e uma diretoria eleita - não pôde abrir suas portas para a visitação pública. 
 
A obstinação do Dr. Hélio Leal era realmente comovente. Todos os meses ele viajava de Fortaleza até Aracati, hospedando-se no simplório hotel aqui então existente, cumprindo um ritual de reunião de diretoria, atas e prestação de contas da tesouraria, numa inflexível persistência própria do seu caráter, para manter o Instituto do Museu Jaguaribano funcionando moral e juridicamente. 
 
Somente depois de vários apelos ao então presidente da FIEC, o nosso conterrâneo Dr. José Flávio Costa Lima, foi que se tornou possível o retorno do funcionamento do Museu. 
 
A diretoria do Museu, algum tempo depois tomava conhecimento de que a causa da atitude do diretor do SESI em relação ao Museu Jaguaribano teria sido uma vendeta, uma vingança contra o Dr. Hélio Leal considerado seu desafeto na política. 
 
Para que isso fosse realmente evitado no futuro, a diretoria do Museu procedeu para que fosse então realizado um contrato de comodato entre o SESI e o Museu Jaguaribano, em que este último tornar-se-ia responsável pela conservação e manutenção do sobrado. 
 
Outro fato que marcou consideravelmente a história do Museu Jaguaribano foi a proibição da entrada em seu recinto de homens de bermudas. Essa proibição causou uma acirrada polêmica não somente nas pessoas que visitavam o museu como também entre os próprios componentes que formavam a sua diretoria. Por várias ocasiões, durante as reuniões mensais da diretoria, se discutiu a “tal” proibição e a possibilidade de derrubar esse tabu. Infelizmente, mesmo dizendo que seguiria as decisões tomadas pela diretoria, Dr. Hélio Leal afirmava categoricamente que ele pessoalmente era contra o uso de bermudas no recinto do Museu. Além da definição de Museu, ele considerava o Instituto do Museu Jaguaribano um espaço dedicado a pesquisa e ao estudo. E considerava a bermuda um traje inapropriado e deselegante para visitas a um estabelecimento cultural. 
 
Não é objetivo desse resumido relato, fazer um histórico do Museu Jaguaribano. Mas tão somente relembrar fatos marcantes da vida dessa notável instituição, criada por aracatienses que tiveram a preocupação em preservar os valores culturais e artísticos de nossa terra. Muitos deles ou quase a sua maioria, não mais estão entre nós, mas nem por isso devemos jamais esquecê-los, porém homenageá-los pela realização do sonho transformado em realidade. Com a restauração do prédio do Barão, Aracati contará com um dos melhores espaços culturais do Estado do Ceará.  
 
Que as famílias dos aracatienses de hoje façam como fizeram as famílias de aracatienses na época da fundação do Museu: doem fotos, velhos documentos que nada representam para alguns, mas que para a história sempre serão de grande valor; Quadros esquecidos num depósito, móveis que não mais se usam. Finalmente vamos enriquecer mais ainda nosso museu com novas obras de arte, novas doações e principalmente com nossa presença nos eventos patrocinados pelo Museu. Vamos valorizar e prestigiar o que é nosso. Os órgãos públicos fizeram a sua parte, cabe agora a nós aracatienses fazermos a nossa cuidando daquilo que pertence a todo povo aracatiense. 

 

Lido 739 vezes Última modificação em Thursday, 03 November 2022 21:01
Antero Pereira Filho

ANTERO PEREIRA FILHO, nasceu em Aracati-CE em 30 de novembro de 1946. Terceiro filho do casal Antero Pereira da Silva e Maria Bezerra da Silva, Antero cresceu na Terra dos Bons Ventos, onde foi alfabetizado pela professora Dona Preta, uma querida amiga da família. Estudou no Grupo Escolar Barão de Aracati até 1957 e, a partir de 1958, no Colégio Marista de Aracati, onde concluiu o Curso Ginasial.
Em 1974, Antero casou-se com Maria do Carmo Praça Pereira e juntos tiveram três filhos: Janaina Praça Pereira, Armando Pinto Praça Neto e Juliana Praça Pereira. Graduou-se em Ciências Econômicas pela URRN-RN em 1976 e desde então tem se destacado em sua carreira profissional.
Antero atuou como presidente do Instituto do Museu Jaguaribano em duas gestões (1976-1979/1982-1985) e foi secretário na gestão do prefeito Abelardo Gurgel Costa Lima Filho (1992-1996), responsável pela Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Cultura.
Além de sua carreira profissional, Antero é conhecido por seus estudos sobre a história e a memória da cidade e do povo aracatiense, amplamente divulgados em crônicas e artigos publicados na imprensa local desde 1975. Em 2005, sua crônica "O Amor do Palhaço" foi adaptada para o cinema em um curta-metragem (15") com direção de seu filho, Armando Praça Neto.

Obra

Assim me Contaram. (1ª Edição 1996 e 2ª Edição 2015)
Histórias de Assombração do Aracati. Publicação do autor. (1ª Edição 2006 e 2ª Edição 2016)
Ponte Presidente Juscelino Kubitschek. (2009)
A Maçonaria em Aracati (1920-1949). (2010)
Aracati era assim... (2024)
Fatos e Acontecimentos Marcantes da História do Aracati. (Inédito)
Notícias do Povo Aracatiense (Inédito)

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O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.