Aracati

Sunday, 20 August 2017 17:55

ARACATI | HERMA A PE. SÁ LEITÃO

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Herma a Pe. Sá Leitão. Aracati-CE. Herma a Pe. Sá Leitão. Aracati-CE. Acervo do Lua Cheia

Antônio Saboia de Sá Leitão nasceu em Aracati a 21 de setembro de 1842. Foi padre e bacharel. Foi fundador, no Aracati, da Conferência de São Francisco de Assis, primeira da Sociedade de São Vicente de Paulo do Ceará. Em sua memória foi construída uma herma na rua Pe. Sá Leitão no Centro Histórico de Aracati.

No monumento consta a seguinte inscrição: “Pe. Dr. Antônio Saboia de Sá Leitão. Fundador no Aracati da Conferência de São Francisco de Assis, primeira da Sociedade de São Vicente de Paulo do Ceará. Homenagem e gratidão dos confrades e pobres socorridos. 8-12-1879/ 8-12-1954.”


Antônio Saboya de Sá Leitão (Bel. e Pe.)—Descendente pelo lado materno das famílias Castro e Saboia, nasceu a 21 de setembro de 1842 em Aracati.

Seu pai, José de Sá Leitão, administrador das Rendas Gerais de Aracati, que faleceu a 21 de julho de 1879, era natural de Pernambuco, e sua mãe, Dª Carlota Maria de Saboia, natural do Aracati, e falecida a 5 de janeiro de 1849, era neta dos dois troncos principais das citadas famílias, José de Castro Silva 1º e Dr. Baltazar de Saboia.

Aprendeu primeiras letras em casa com seu pai, e depois o latim com o professor Porfírio Sérgio de Saboia continuando o estudo dessa língua juntamente com o de outros preparatórios no Recife, para onde seguiu em junho de 1858.

Indeciso ao princípio sobre a carreira a abraçar resolveu-se afinal a formar-se em direito vindo a matricular-se na Faculdade dali em 1862.

Concluído o curso acadêmico em 1866, recebeu em seguida o grau de Bacharel e logo pensou em dedicar-se à magistratura.

Um amigo da família, que se achava no Pará, obteve-Ihe a nomeação de promotor público de Gurupá, nomeação que não aceitou por preferir ficar no Ceará.

Estando em Aracati desde março de 1867 aí começou a praticar como advogado, mas no fim do mesmo ano foi nomeado promotor do Icó, emprego de que tomou conta em janeiro de 1868, e apenas exerceu por seis meses, pois a mudança de política, que houve nesse ano, o fez remover para Imperatriz (Itapipoca), aí permanecendo até julho de 1872, quando, completado o quatriênio, pediu exoneração e voltou para Aracati.

Em 1873 foi nomeado juiz municipal de Chaves, no Pará, emprego de que, aliás, não se aproveitou.

Em 1875, graças a seu mestre e amigo Conselheiro Bandeira de Mello Filho, teve a nomeação de promotor do Assú e ali se conservou até março de 1877 seguindo então para o Recife, com destino ao Rio de Janeiro a fim de solicitar o despacho de juiz de direito, favor que lhe obteve seu primo o Visconde de Saboia, a 29 de dezembro do dito ano, sendo designado para servir na comarca de Jeromenha, no Piaui. Excedeu de onze anos sua judicatura em Jeromenha iniciada a 24 de julho de 1878.

Alcançando uma licença em 1879, o Dr. Sá Leitão tratou de gozá-la no Aracati e foi então que fundou a primeira Conferência da Sociedade de S. Vicente de Paulo que surgiu no Ceará, solo ubérrimo para árvore de tão abençoados frutos.

A data escolhida para realização desse acontecimento importante da história religiosa do Ceará foi o dia 8 de dezembro, e a Conferência instalada colocou-se sob o patrocínio de S. Francisco de Assis.

Hoje a pequena semente plantada no Aracati pelo Dr. Sá Leitão é arvore frondosa sob cujos galhos se aninham milhares de pobres e infelizes, pois se contam no Estado 165 Conferências funcionando sob as vistas de 32 Conselhos.

Em junho de 1890 foi o Dr. Sá Leitão removido por ato do Governo Provisório para a comarca do Aracati, mas na organização judiciaria, feita pelo Coronel José Clarindo de Queiroz, em 1891, coube-lhe a comarca do Icó.

Poucos dias depois de haver tomado conta dessa comarca entrou no gozo de uma licença, e promovia sua volta para a terra do berço quando sobreveio a deposição do General.

A nova organização da magistratura do Estado à que se procedeu em fevereiro não contemplou esse distinto e íntegro funcionário ficando ele, portanto, em disponibilidade.

Três anos e alguns meses depois o Governo Federal o aposentou forçadamente como a muitos outros magistrados pelo célebre Dec. de 25 de julho de 1895; sendo, porém, anulado esse ato do poder executivo, reverteu ele à disponibilidade.

Em outubro de 1889 fora agraciado pelo Governo Imperial com o Oficialato da Rosa.

Todo entregue às obras de piedade e caridade em que se salienta como belo modelo de cristão prático, o Dr. Sá Leitão recebeu a 3 janeiro (1904) ordens sacras no Seminário de Pernambuco e cantou sua primeira missa dia da Epifania.

A Revista Paulista Santa Cruz, ano IX, de julho de 1909, traz a biografia do venerando sacerdote acompanhando-a de uma interessante fotografia, que o representa circundado de seus nove filhos, dos quais um, que foi discípulo dos Salesianos, acaba também de receber ordens sacras.

Escreveu :

—Exposição do presidente do Conselho Particular de Aracati, lida na Assembleia Geral de 8 de dezembro de 1904, festa da Imaculada Conceição, 50º aniversário da definição do Dogma e 25º da fundação da primeira Conferência da Sociedade de S. Vicente de Paulo do Ceará. Encontra-se publicada essa Exposição na Revista do Conselho Central da Sociedade de S. Vicente de Paulo do Ceará, nº de janeiro de 1905.

São os seguintes os irmãos do Dr. Antônio Saboia de Sá Leitão, todos nascidos no Aracati.

1—Dª Maria Carlota de Sá Leitão, nascida a 26 de julho de 1832 e falecida, inupta, a 2 de maio de 1878.

2—José de Sá Leitão Júnior, nascido a 16 de setembro de 1833. Aos 19 anos seguiu para Pernambuco, onde estudou preparatórios, empregando-se depois em uma importante casa comercial como guarda-livros. Mais tarde estabeleceu-se, fazendo sociedade com dois de seus irmãos, e chegou a ocupar uma posição vantajosa, mas revezes que sobrevieram puseram a casa em liquidação.

Casou-se em primeiras núpcias com sua prima legítima Dª Emília Alexandrina Coimbra, que faleceu a 28 de setembro de 1865 e em segundas núpcias com Dª Ermelinda Vaz de Carvalho, em 1872, tendo deste consórcio filhos em número de sete.

3—Dª Ana Alexandrina do Rego Valença, nascida a 1º de janeiro de 1835. Na idade de 22 anos foi ao Recife visitar uma sua tia e madrinha, e aí casou-se a 17 de novembro de 1859 com João Bernardo do Rego Valença, natural daquela cidade. Este faleceu em dezembro de 1884, deixando oito filhos.

4—Dª Carlota Ursula de Sá Monteiro, nascida em março de 1836, e casada com Raimundo Monteiro da Silva, natural também do Aracati. Ambos já faleceram, deixando seis filhos, dos quais cinco residem em Assú, Rio Grande do Norte, e um no Pará.

5—Dª Francisca Carlota de Sá Leitão, nascida a 23 de janeiro de 1838.

6—Manoel de Sá Leitão, casado, residente no Limoeiro em Pernambuco, nasceu a 26 de maio de 1839, e em 1856 seguiu para o Recife empregando-se na mesma casa comercial em que achava-se seu irmão José, de quem depois foi sócio. De seu casamento com sua prima Dª Ana Ale­xandrina Coimbra teve cinco filhos, dos quais restam três.

7—Joaquim de Sá Leitão, residente em Assú, Rio Grande do Norte. Nasceu a 21 de março de 1844 e seguiu para o Recife em 1862. Ao princípio foi caixeiro do seu irmão José e depois sócio. Desde que extinguiu-se a sociedade, ficou residindo no Assú, onde tinha ido a negócio. Aí casou-se em 1876 com Dª Ana de Araújo Furtado, que veio a falecer em 1894, deixando cinco filhos.

8—João de Sá Leitão, nascido a 13 de novembro de 1845. Negociante. Casou-se, mesmo no Aracati, em maio de 1876 com Dª Thereza Astudilo y Bussons, e faleceu a 1º de outubro de 1878.

9—Dª Ursula Carlota de Sá Leitão, nascida a 28 de maio de 1848.


Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO. Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 129-133.

Lido 481 vezes Última modificação em Sunday, 06 November 2022 15:31
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