POETOSSÍNTESE

Wednesday, 28 July 2021 14:49

MANUEL LIMA

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Manuel Lima. Manuel Lima. Acervo do poeta.

Seleta de poemas escritos por Manuel Lima.

TUA GENTE 

  

Está mórbida a calmaria. 

Gritos e gemidos 

Se destoam numa só cantiga, 

Enquanto um homem 

Grosso e estúpido 

Se aproxima de uma mulher, 

Estufa o peito e lhe diz: 

- Por que choras mulher!? 

Não vês que as tuas lágrimas 

Não vão molhar a tua gente! 

Tu bem sabes que eu e outros iguais a mim, 

Somos a palavra de ordem, 

E todos têm que entender 

Que teremos essa rota gente 

Em nosso total poder! 

E eu, o grande e indestemível, 

Terei no meu reino 

A palavra banida, 

O medo patético 

E a cantiga de clemência 

Sem voz altiva. 

  

(Manuel Lima) 


 

EMBRIAGADO DE FELICIDADE 

  

Quero beber o sol,  

Quero beber a lua,  

Quero tomar esse licor  

E envolver minh'alma à tua. 

  

Quero me embriagar de felicidade  

E me sentir um bêbado,  

Que toma um porre de amor  

E fica caído pela cidade. 

  

És a bebida preferida  

Com gosto de mulher,  

És a dose mais forte  

Com gosto de bem-me-quer. 

  

Bebida de sabor inigualável!  

Primeiro gole que se consome,  

É sempre inseparável  

Na vida de qualquer homem. 

  

É sempre uma paixão 

À primeira vista, 

Quando embriaga o coração 

E quando há uma conquista. 

  

(Manuel Lima) 


 

ANJOS E POETA 

  

Que a vida seja sublime! 

E que os amantes saibam 

O sentido dela, 

Onde o beija-flor faz o beijar, 

E o seu néctar o despertar 

Para o enlace de dois caminhos 

Que se cruzam. 

Pois, quando falo de amor, 

Falo pela boca dos anjos e poetas. 

E, que o mundo tenha dois olhos: 

O do coração e o da razão, 

Que, incessantemente, estes nos 

Dizem tudo, 

Até quando devemos ver 

Um novo amanhecer, 

Sem mentiras e sem falsas palavras. 

Então, navegar foi preciso, 

Para estar nas águas do teu mar; 

Por isso, cruzei mares e oceanos. 

  

(Manuel Lima) 


 

GRITOS E GEMIDOS 

  

Na antessala 

Reina a hipocrisia, 

Enquanto ao seu redor  

Está a mórbida a calmaria. 

Gritos e gemidos 

Destoam-se numa só cantiga, 

Enquanto um malfeitor 

Aproxima-se de uma mulher, 

Estufa o peito e lhe diz: 

- Por que choras mulher? 

Não vês que as tuas lágrimas 

Não vão molhar a tua gente! 

Tu bem sabes 

Que eu e outros iguais a mim, 

Somos a palavra de ordem, 

Onde todos sabem 

Que teremos essa rota gente 

Em nosso total poder! 

E eu, o grande e destemível , 

Terei no meu reino 

A palavra banida, 

O medo patético 

E a cantiga de clemência 

Sem voz altiva. 

  

(Manuel Lima) 

  

RECITAL 

 
 

Gritos e Gemidos. Manuel Lima. 

Interpretação do poeta. 2008. 


 

Lido 301 vezes Última modificação em Friday, 04 November 2022 09:55
João Manuel de Lima

João Manuel de Lima (Manuel Lima)- nasceu na cidade de Aracati, no dia cinco de outubro de 1969, filho de Beatriz Monteiro de Lima. Aos 16 anos, em 1985, descobre a arte da poesia, afeiçoando-se a esta. Transmite seus pensamentos vai ao de outros que tão bem escreveram poemas sobre o amor e a humanidade: temas marcantes em sua poesia. Quatro anos depois conhece o radialista Lúcio Reis, que o convida a participar da peça de teatro a Paixão de Cristo, encenada pelo grupo Frente Jovem. Com o referido grupo, fez alguns trabalhos a exemplo de: Aracupira, que foi encenada na XII Mostra Estadual de Teatro Amador, na cidade de Aracati em 1990; A Vigília da Noite Eterna e o Auto da Compadacida, que teve estreia no ano de 1991. Fica por algum tempo afastado para refletir sobre o fazer teatral, e entendê-lo melhor. Nesse intervalo colabora com suas poesias no Jornal Poetossíntese (1991), organizado por Marciano Ponciano e Paulo César Garcia. Em 1993 é convidado por Marciano Ponciano, diretor e ator do Grupo Lua Cheia de Teatro, a participar das oficinas de teatro que o grupo estava realizando. Dessa nova união estreia seu primeiro trabalho de teatro de rua, a peça Memórias Póstumas de um Poeta. Em 1994, participa do recital Sagrações ao Meio, com poemas do livro homônimo do poeta Leontino Filho, e em dezembro do mesmo ano, participa da montagem da peça "Boi e o Burro no Caminho de Belém", de Maria Clara Machado, uma linguagem de teatro de bonecos, com adaptação e direção de Marciano Ponciano. Sua trajetória artística é marcada pela busca e transformação para a formação de seus conhecimentos na área do teatro, fazendo curso de formação de atores com a atriz Siomar Zieglere o ator Cláudio Jaborandi, através do Instituto Dragão do Mar. Neste misto de conhecimentos uma alegria se aninha em seu coração, o ano 1996, quando junto com Marciano Ponciano e Erivando Braga, resolve escrever uma coletânea de poesias, intitulada Poetossíntese. No ano de 1997, em comemoração ao centenário do escritor aracatiense Adolfo Caminha, escreve e encena a peça "Quando Adolfo Caminha", levada à cena pelo Grupo Lua Cheia por ocasião do lançamento do livro "Adolfo Caminha: Vida e Obra" do escritor cearense Sânzio de Azevedo. Em 1997, participa da peça Prevenir é Melhor que Remediar e O Auto da Camisinha, do escritor e teatrólogo José Mapurunga. Em 2000 integra o elenco do espetáculo "Memórias de Um Poeta Vivo". Em 2005, participa da montagem da peça "Por que Adolfo Caminha?". Em 2006 participa da peça "O Conto dos Ventos", uma adaptação livre do Grupo Lua Cheia de Teatro a partir do livro "Histórias de Assombração do Aracati" do escritor Antero Pereira Filho. Ainda neste mesmo ano participa da publicação do Caderno de Literatura Poetossíntese, organizado pela Associação Artístico Cultural Lua Cheia. 

Obra: 
Poesia- Água Poética de beber. 
Livros Inéditos: 
Infantil- O País dos Livros; Conto e Acalanto Charlote, e o Sonho de Conhecer Outras Terras. 

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Sobre nós

O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.