POETOSSÍNTESE

Sunday, 25 July 2021 17:17

ANTÔNIO MONTEIRO

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Antônio Monteiro Antônio Monteiro Acervo da família.

Seleta de textos e poemas de autoria de Antônio Monteiro.

O VENTO ARACATI 

 

Um poeta nascido em Aracati e residente atualmente na progressista e bela cidade de Sobral escreveu um livro de poesias a que deu o gostoso título de “O VENTO ARACATI”. Esse poeta, que foi por longos anos funcionário público na “Princesa do Norte” e atendendo pelo nome de Gurgel do Amaral, pelo fato de haver nascido na “cidade dos apelidos”, onde também nasceram os poetas Paula Nei e Beni Carvalho, extravasou o seu amor cantando em estrofes maravilhosas a sua terra e a sua gente. Para quem não conhece a aragem boa e agradabilíssima cujo nome serviu de título à obra do nosso poeta fica sem saber o que seja realmente “o vento aracati”. 

  

Como o nome indica se trata de um vento bom e gostoso que sopra todos os dias antes do cair da tarde na principesca cidade dos velhos sobrados de azulejos cheios de lendas e de gostosas histórias de nosso glorioso passado. Foi essa gostosa aragem que subindo sertão acima se torna vento forte e serve de refrigério ao ardente clima de nosso hinterland jaguaribano que deu origem ao nome de nossa cidade batizando-a com o nome de Aracati. Segundo Tomaz Pompeu o vento aracati é quase semelhante ao siroco que sopra nas regiões desérticas da África que atravessando a vasta imensidão do Atlântico nele se refresca e nos chega aqui com esse sabor de vento agradável e bonançoso. Segundo os etimologistas indígenas, Aracati vem da corruptela de ara catu do que discordam outros que se deram ao imenso trabalho de estudar as línguas indígenas do Brasil. 

  

Seja como for ou tenha a origem que tiver- para nós nascidos nesta simpática e soberba cidade que se debruça como a se espelhar nas águas ora tranquilas ora revoltas do rio Jaguaribe- o vento Aracati é essa aragem boa e gostosa que sopra todos os dias por volta das 15 às 17 horas em nossa cidade e se joga em verdadeira avalanche em busca de outras paragens atingindo as cidades de Itaiçaba, Jaguaruana, Russas, Morada Nova, Quixeré, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Jaguaribe, Icó e até mesmo Iguatu modificando-lhes o clima nas diversas horas em que por elas ele passa. Tivemos já a oportunidade de nos encontrarmos no Icó quando já noite alta sentimos na avenida um revolver de folhas nas árvores e como por encanto de repente tudo se transformou: o clima quente desapareceu para dar lugar a um clima gostoso e bom enquanto o “aracati” passava enchendo a cidade de vento bom e gostoso. Assim é o “vento aracati”: pode ser poesia e encantamento para os poetas, porém é, sobretudo aragem boa e gostosa que nos enche de deleite e indizível bem-estar. 

  

[Antônio Figueiredo Monteiro] 


 

Lido 695 vezes Última modificação em Thursday, 17 November 2022 21:02
Antônio Monteiro

ANTÔNIO Figueiredo MONTEIRO (1909-1988)- escritor e jornalista, nasceu a 03 de novembro de 1909, na cidade de Aracati Ceará, filho de Abílio Bezerra Monteiro e Francisca Figueiredo Monteiro. Já no Colégio José de Alencar, cursando o primário nos idos de 1922 fundara um jornalzinho que tinha o nome "O Sol da Liberdade", órgão oficial do Grêmio Estudantil, outrossim, fundado por ele. Transferindo-se para Fortaleza em 1929, e ingressando-se no Curso de Humanidades da Fénix Caixeiral e em seguida para Academia de Comércio Fênix Caixeiral; durante esse tempo foi um dos componentes do Grêmio dos Estudantes Fênixtas e por sua iniciativa e de alguns colegas transformaram o jornal que tinha como nome "Ensaios" em Revista Fênix, da qual foi um dos principais redatores, tendo como colaboradores Gustavo Barroso, Monteiro Lobato e Raquel de Queiroz, que usava então o pseudônimo Rita Queluz. Já colaborava nessa época com a imprensa cearense e alguns jornais e revistas do sul do país, entre eles O Nordeste, órgão oficial da Arquidiocese de Fortaleza, o qual assinala seu ingresso oficialmente na carreira jornalística, que data de 30 de abril de 1927; A Noite Ilustrada, A Carioca, A Noite, estes últimos do Rio de Janeiro. Na qualidade de jornalista foi correspondente de quase todos os jornais da capital cearense, entre eles O Povo, que nos quase sessenta anos dedicados ao jornalismo, mais de quarenta anos como correspondente do O Povo e que durante as comemorações do cinquentenário do referido jornal, foi escolhido o Correspondente do O Povo, recebendo por isso uma plaqueta de ouro em comemoração aos seus cinquenta anos de jornalismo; tido também como um dos "Cardeais" da Associação Cearense de Jornalistas do Interior (ACEJI); entre outros jornais o Correio do Ceará, Gazeta de Notícias, Tribuna do Ceará, Estado, Unitário, O Jornal, Correio de Russas e outros. Colaborou, outrossim, com a maioria dos jornais de Aracati, como A Região, A Ideia, A Reforma, o Jaguaribe, sendo um dos redatores deste, em sua segunda fase; colaborou também para as revistas Manchete, Veja, Realidade, Cláudia, Moda e a revista Cearense O Saco como colaborador oficial. Dedicou-se intensamente à pesquisas históricas, colaborou através dessas pesquisas para trabalhos de várias instituições culturais do país como: Fundação Getúlio Vargas, Instituto Joaquim Nabuco, Projeto Rondon, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Banco do Nordeste do Brasil, tendo dessas suas atividades resultando algumas publicações como a do IBGE no Vol. XVI da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (Estado do Ceará Verbete Aracati), a Monografia Aracati, publicação do Banco do Nordeste, a Revista de Cultura uma publicação do Ceres sobre artesanato, cultura popular, folclore e um estudo sobre a praia de Canoa Quebrada e o ilustre filho dessa localidade José da Rocha Freire (Zé Melancia), a revista O Saco uma publicação sobre a história da Academia de Letras do Aracati e uma memória fotográfica. Fez vários programas na Rádio Rio Jaguaribe, que depois mudou sua denominação para Rádio Cultura de Aracati; entre esses programas destacou-se o programa "O Momento da Cultura", que foi levado ao ar pela primeira vez no dia vinte e nove de maio de 1974 (29/05/74), data do aniversário do escritor aracatiense Adolfo Caminha da corrente naturalista. 

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