Aracati

Saturday, 14 February 2015 15:40

CHICO DE JANES: O HOTELEIRO

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Chico de Janes Chico de Janes Acervo pessoal.

Muitos conhecem o Chico de Janes carnavalesco, no entanto, poucos, na verdade, conhecem o Chico de Janes hoteleiro. Ele exercia essa atividade por muitos anos e hospedava gente que vinha de todos os recantos do Brasil para o Aracati. 

A grande atração do seu hotel – Hotel Central – por estar localizado na parte mais central da cidade, a Rua Grande - era o “Bar Amansa Sogra.” As paredes do recinto, eram decoradas com alegorias que Chico de Janes espalhava por vários ambientes contendo cartazes e dizeres sobre as sogras. 

  

Num dos recantos do bar havia um velho gramofone que ele tinha comprado, como ele mesmo dizia, no tempo do bumba, chamado de “A Voz das Sogras” cujo som os genros ouviam. 

  

A pele estendida de uma enorme cobra jiboia esticada numa parede era denominada de “Couro de Sogra”. A velha carcaça de uma cabeça de onça com a bocarra escancarada foi apelidada de “Boca de Sogra.” 

  

Noutro espaço do Bar havia mais dois anúncios referentes às “qualidades” das sogras. Em um dos letreiros estava a serra de um espadarte com os seguintes dizeres estampados em letras graúdas: “Língua de Sogra”; e noutro: “Calmante de Sogra”. Este último consistia num chicote de couro cru com três pernas e mais uma porção de catrevagens que ajudava, segundo ele, a acalmar as sogras impertinentes. 

  

Quanto ao cardápio, para bem atender ao paladar dos hóspedes mais exigentes, mantinha no quintal do hotel, sempre preso, um enorme urubu. Dizia ele que era para misturar com galinha quando o consumo do galináceo estivesse alto. 

  

Numa reportagem para um jornal da capital, Chico de Janes contou que certa vez, no seu hotel, um viajante de São Paulo que era um verdadeiro glutão se hospedou. A mulher do hóspede reclamou que a sopa servida era pouca. Para atender à mulher foi então Chico de Janes ao muro onde proliferava uma mata de melão caetano. Apanhou um punhado de melão caetano, esmagou com cuidado e ofereceu ao hóspede dizendo ser jerimum da terra. O gordo ingeriu o prato todo, mas a noite não deixou Chico de Janes dar um cochilo sequer. Uma dor de barriga violenta surpreendeu o viajante que andava no rastro da morte. Mandou chamar o delegado para prender o dono da pensão que o envenenara. Mas não teve muita sorte porque o Chico de Janes, à época, era o próprio delegado e, Chico de Janes, como todo o Aracati sabe, como delegado nunca prendeu ninguém. 

Lido 809 vezes Última modificação em Friday, 04 November 2022 09:17
Antero Pereira Filho

ANTERO PEREIRA FILHO, nasceu em Aracati-CE em 30 de novembro de 1946. Terceiro filho do casal Antero Pereira da Silva e Maria Bezerra da Silva, Antero cresceu na Terra dos Bons Ventos, onde foi alfabetizado pela professora Dona Preta, uma querida amiga da família. Estudou no Grupo Escolar Barão de Aracati até 1957 e, a partir de 1958, no Colégio Marista de Aracati, onde concluiu o Curso Ginasial.
Em 1974, Antero casou-se com Maria do Carmo Praça Pereira e juntos tiveram três filhos: Janaina Praça Pereira, Armando Pinto Praça Neto e Juliana Praça Pereira. Graduou-se em Ciências Econômicas pela URRN-RN em 1976 e desde então tem se destacado em sua carreira profissional.
Antero atuou como presidente do Instituto do Museu Jaguaribano em duas gestões (1976-1979/1982-1985) e foi secretário na gestão do prefeito Abelardo Gurgel Costa Lima Filho (1992-1996), responsável pela Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Cultura.
Além de sua carreira profissional, Antero é conhecido por seus estudos sobre a história e a memória da cidade e do povo aracatiense, amplamente divulgados em crônicas e artigos publicados na imprensa local desde 1975. Em 2005, sua crônica "O Amor do Palhaço" foi adaptada para o cinema em um curta-metragem (15") com direção de seu filho, Armando Praça Neto.

Obra

Assim me Contaram. (1ª Edição 1996 e 2ª Edição 2015)
Histórias de Assombração do Aracati. Publicação do autor. (1ª Edição 2006 e 2ª Edição 2016)
Ponte Presidente Juscelino Kubitschek. (2009)
A Maçonaria em Aracati (1920-1949). (2010)
Aracati era assim... (2024)
Fatos e Acontecimentos Marcantes da História do Aracati. (Inédito)
Notícias do Povo Aracatiense (Inédito)

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