POETOSSÍNTESE

Wednesday, 28 July 2021 16:49

PAULO CEZIOLLI

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Paulo Ceziolli Paulo Ceziolli Acervo do poeta.

Seleta de poemas escritos por Paulo Ceziolli.

 

DIVERGÊNCIA 

  

Da lágrima caída 

Remanesce a saudade de teus olhos: 

- estrelas cadentes  

Transeuntes cósmicos em meu ser 

  

  

Dos lábios, um sorriso  

Sem gosto, sem vontade  

Divergido do adeus, do fim: 

- metamorfose de um sonho... 

  

Das mãos, o calor  

Do aperto, do querer ficar,  

Sendo preciso ir, sem ti  

Para o infinito 

  

Do corpo, tua seiva: 

- esperança da estrela peregrina  

Que voltará num espaço  

Contíguo ao teu decurso, 

Em outra forma, sem forma 

  

Da sensação do ontem  

No ir que um adeus deixou, 

Prospecto do futuro  

Sem divergir na saudade  

Da lágrima caída,  

Dos lábios num sorriso,  

Das mãos no aperto,  

Do corpo no espaço  

Lânguido da luz que clareará  

Tua lágrima,  

Teu sorriso,  

Tuas mãos,  

Teu corpo... 

 

 

(Paulo Ceziolli) 


 

 

POETO SÍNTESE 

  

  

Ao poeta que faz renascer 

Entre mares e céu um querer 

Toda força é preciso ter 

Pra suportar esse não entender. 

Se criar poesia é discorrer 

Do holocausto do poder ser perder 

Ficar calado, sua voz até prender 

Quem sabe do mundo é você. 

Das coisas que nascem vem me dizer 

Do mundo sem esquecer 

Da voz que grita por seu prazer 

A imensa vontade de crescer. 

  

  

(Paulo Ceziolli) 


 

 

VIRGEM 

  

  

A Virgem Inocência, 

Que a meus olhos me fascinam 

Que escorre por este teu corpo sadio; 

Por toda a tua pureza 

Que me faz sentir, (mesmo comigo) 

Ao te tocar. 

  

Tu tens a doce virgindade 

Na mais pura realidade, 

Uma inocentemente, 

Do mais indecente sonho... 

A Virgem Inocência 

Que de tuas curvas emana 

Como um perfume exótico 

E embriaga o meu ser 

Num tesão tão profundo, 

Nessa vontade de te querer (nua), 

Sem querer obstruir o teu mais profundo sentimento... 

  

Vou te esperar! 

Quero toda essa virgindade só para mim; 

Quero dividir esse fogo que há em mim 

Como essa chama que te queima. 

Vou te aguardar! 

Cada dia é um dia exclusivo, 

E a esses momentos que agora, aqui vivo 

Os teus segredos 

Doce Inocência e Virgem 

Que me aguardam em seus mistérios como um prêmio. 

  

  

(Paulo Ceziolli) 


 

 

CARNAVAL DE SAUDADES 

  

Não quero ironizar, mas minha vida tornou-se um carnaval 

Sinto-me efêmero, passageiro, um arlequim sem sua colombina 

Agora, para mim, nada mais que uma quarta-feira de cinzas 

Passou feito nuvem, uma brisa agradável, uma falsa realidade 

Não sei porque dizem “eu estou na meia-idade” 

Não quero estar na minha cidade, e nem outro lugar me fascina 

Cheguei à mesmice: nasce um “novo” dia, igual aos outros 

Escuto a mesma música, compro os mesmos cigarros 

Vejo as mesmas pessoas, pra lá e pra cá, perambulando 

Tantos rostos iguais ao meu... sem sentido 

Um “cara” me critica e diz ser eu um idiota 

Tenho palavras idiotas, pensamentos idiotas? 

Qual carnaval encontro-me agora? 

Cansado, estou. Exausto, sou. Perdido, estarei. 

Escrevo coisas avessas, meu computador me corrige 

Até ele, infiltrou-se em meu carnaval 

Minhas linhas estão chegando ao fim... 

E, nesse momento, começa outra vez, minha “quarta-feira de cinzas”. 

  

(Paulo Ceziolli) 


 

“EU” 

  

Dilema, confusão, distorção 

Imagem inativa de uma criação 

Por que “eu”? 

Visualizo o horizonte, descobrindo o descoberto 

Ao longe, bela figura, cena obscura, na imensidão do vazio 

Focalizo uma folha em branco, o que escrever 

Quem sou “eu”? 

Roupa nova, roupa surrada... envelhecida! 

Mais um dia... ah! Que dia... 

Quem diria, eu não me conhecer 

Não posso me antever, nem me prescrever, tampouco me descrever 

Sou assim: 

Perfeito, sem perfeição 

Oportuno, sem a oportunidade 

Forte, com muitas fraquezas 

Consciente, embora embevecido na inconsciência 

Total, sem a menor pluralidade 

Não sou assim: 

Calmo, sem a menor tranquilidade 

Preciso, sem a menor noção do ser 

Capaz, sem a menor tenacidade do conhecer 

Sou música, sem o instrumento 

Alicerce, sem uma construção. 

“EU” 

 

(Paulo Ceziolli) 


 

POEMA VERDADE 

  

Sinto-me estranho, não me reconheço 

Estou à beira de um desastre de identidade 

Procuro me acalmar, estou estressado 

O mundo em minha volta não faz sentido 

Caminho por estradas desertas 

Busco saber quem eu sou, não encontro respostas 

Um dilema: qual é a minha vida? 

Escuto uma música, me recorda muito 

Vejo um filme, me traz doces lembranças 

Olho fotografias, enchem-me de saudades 

Há uma coisa que não consigo entender 

Se o passado é meu alicerce de meu presente 

E que meu presente é uma construção sólida de meu futuro 

Por que estou tão desiludido? 

Vou tentar me descrever em poemas 

Quem sabe assim me encontro um dia. 

 

(Paulo Ceziolli) 


 

Lido 1647 vezes Última modificação em Wednesday, 16 November 2022 21:56
Paulo Ceziolli

Paulo Ceziolli- Paulo Cézar Silva de Oliveira, nasceu a 23 de janeiro de 1963, em Aracati estado do Ceará. 
Aos 18 anos, começou a trilhar os caminhos da Arte Poética, criando o grupo "Aprendizes da Esperança", quando em 1981, o Aracati estava no apogeu das iniciativas artísticas. Como animador cultural elaborou e participou de Concursos Literários, impulsionado por muitos colegas que formaram o Jornal POETOSSÍNTESE, o qual divulgou em suas edições as "obras literárias" desconhecidas de desconhecidos autores. 
Sua primeira produção literária foi “Nostalgia” - um irreverente poema de solidão e sonhos à calada da noite. Paulo Ceziolli possui vasta obra literária em versos inédita. 

"A arte é a insólita luta de inimigos-amigos e fronteirados no limiar da esperança, de um reconhecimento cego e traumatizante, do despojar do dom maravilhoso deixado por Deus e não-reconhecido pelos homens”. (Paulo Ceziolli)

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O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.